MENU

Fun & Interesting

Desmascarando os erros da Teologia da Prosperidade na interpretação de Isaías 53

Ildo Mello 260 lượt xem 2 weeks ago
Video Not Working? Fix It Now

A leitura de Isaías 53:4–5 pelos adeptos da Teologia da Prosperidade, muitas vezes, enfatiza a promessa de cura física plena nesta vida. Contudo, é necessário examinar o texto com atenção para compreender seu alcance real, incluindo aspectos tanto espirituais quanto físicos, mas sem concluir que a Escritura garanta saúde perfeita a todo cristão no presente.
A seguir, veremos como a Bíblia aborda o tema:

1. “Nossas Enfermidades” no Contexto de Isaías
Em Isaías 53, o profeta descreve o Servo Sofredor (cumprido em Cristo), que toma sobre si não apenas o pecado da humanidade, mas todas as consequências oriundas da queda. Isso envolve tanto questões espirituais quanto aspectos físicos e emocionais.
* Ênfase Espiritual: O capítulo 1 de Isaías, por exemplo, compara o povo pecador a um corpo enfermo, aludindo claramente a uma realidade espiritual:“Toda a cabeça está doente, e todo o coração está enfermo. Desde a planta do pé até a cabeça não há nada são, mas feridas, contusões e chagas abertas...”(Isaías 1:5–6, NAA)Nesse contexto, “enfermidade” simboliza rebeldia, corrupção moral e separação de Deus. Assim, quando Isaías 53:4 fala em “nossas enfermidades”, a profecia certamente inclui o problema do pecado e sua barreira espiritual que afeta o relacionamento humano com o Criador.
* Dimensão Física: Ao mesmo tempo, a palavra “enfermidades” não exclui o sentido literal. O resultado do pecado no mundo também engloba doenças e sofrimentos físicos. Portanto, a linguagem de Isaías 53 pode abarcar tanto a cura daquilo que se origina no coração (pecado) quanto as suas repercussões externas (doenças, dores, sofrimento).
Essa visão ampla evita o erro de enxergar o texto exclusivamente como metáfora, sem espaço para a realidade física, bem como evita o equívoco de pensar que se refira apenas a enfermidades do corpo, ignorando o problema principal do pecado.

2. O Cumprimento Parcial no Ministério de Jesus e a Cura Futura
O Evangelho de Mateus registra que o Senhor Jesus cumpriu Isaías 53:4 em seu ministério terreno quando curou a sogra de Pedro:
“Assim se cumpriu o que fora dito pelo profeta Isaías: ‘Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças’.” (Mt 8:14–17).

Aqui vemos que a expressão de Isaías 53 se aplica ao contexto das curas realizadas por Jesus, demonstrando que Ele tem poder sobre as doenças físicas. Ainda assim, o cumprimento final dessa profecia — a restauração completa de toda a criação — ocorre plenamente apenas na consumação dos séculos, quando “Ele enxugará de seus olhos toda lágrima [...], não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor” (Ap 21:4).

Entre o “já” e o “ainda não”
* Já: Cristo inaugurou o reino de Deus e demonstrou seu poder curador durante o ministério terreno; hoje, ainda podemos experimentar curas divinas segundo a vontade soberana de Deus. São sinais da presença do Reino de Deus, os primeiros frutos de um Reino cuja plenitude ainda está por vir.
* Ainda não: Continuamos sujeitos a doenças, dores e à morte, pois aguardamos a redenção total do nosso corpo e de toda a criação (cf. Romanos 8:22–23). Portanto, todos estamos em processo de peregrinação, sujeitos a limitações físicas e à morte. Ninguém morre de “saúde”; toda morte implica a falência de algum aspecto do nosso corpo.

3. O Erro Hermenêutico na Teologia da Prosperidade
Os defensores da Teologia da Prosperidade costumam desconsiderar a tensão bíblica entre o “já” e o “ainda não”. Ao aplicarem Isaías 53:4–5 como garantia de saúde perfeita agora, ignoram o fato de que a plenitude do reino de Deus ainda não se manifestou completamente.
A Bíblia revela que os cristãos continuam a passar por sofrimentos (cf. Filipenses 1:29; 2 Timóteo 3:12), inclusive doenças. O próprio apóstolo Paulo enfrentou um “espinho na carne” do qual não foi liberto, mesmo em resposta às suas orações (cf. 2 Coríntios 12:7–9). Além disso:
* Timóteo tinha enfermidades frequentes, e Paulo recomendou um remédio prático (um pouco de vinho), não simplesmente “mais fé” (cf. 1 Timóteo 5:23).
* Epafrodito quase morreu de uma doença (cf. Filipenses 2:27).
* Trófimo foi deixado doente em Mileto (cf. 2 Timóteo 4:20).
Esses exemplos demonstram que a cura física não é uma experiência garantida e contínua para todo cristão. Deus pode curar, mas tal intervenção milagrosa é de acordo com Sua soberania e propósito. A promessa de cura total, sem a presença de enfermidade ou morte, só se concretizará na ressurreição final, quando Cristo consumar seu Reino.

Comment