A mesa estava posta, o bolo no centro, e o silêncio envergonhado preenchia os espaços entre as risadas forçadas. Meus tios cochichavam num canto, minha irmã estava vidrada no celular, e meu pai me observava com aquela expressão de sempre — cansaço e desinteresse.
Minha mãe se levantou, pegou um envelope branco e me entregou.
— Feliz aniversário, querida. Espero que goste.
Abri. Um cartão-presente de um brechó.
Eles riram, como se fosse uma piada interna da qual eu nunca fiz parte.
— Sabemos que você gosta dessas coisas, né? — minha tia zombou.
Meu sorriso não vacilou.
— Adorei. Tanto que tenho uma surpresa para vocês também.
O salão ficou em silêncio...