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A ideia de que a feijoada foi criada nas senzalas, como uma adaptação dos escravizados aos restos de carne que lhes eram oferecidos, é um mito que tem sido desfeito há muitos anos por estudiosos como Luís da Câmara Cascudo, Mary del Priore, Rodrigo Elias e Carlos Alberto Dória. Esses autores apontam que, embora a feijoada tenha incorporado elementos da alimentação afro-brasileira, sua origem remonta à culinária portuguesa, mais especificamente aos pratos de feijão com carnes variadas, comuns nas mesas dos portugueses desde o século XVI.
Para Câmara Cascudo feijoada tem uma base portuguesa e não deve ser vista como a um prato de origem africana ou dos esccravos. Mary del Priore destaca que a feijoada foi um prato que evoluiu ao longo do tempo, sendo adaptado e enriquecido com ingredientes locais, incluindo a couve, a banana e o arroz. Rodrigo Elias defende que o prato ganhou popularidade no Brasil como a associação da comida à festividade e reuniões familiares. Carlos Alberto Dória, explica que a construção de uma ideologia voltada para a identidade nacional acabou favorecendo mitos em torno de nossa culinária, e a feijoada fez parte dessas narrativas nacionalistas.
Portanto, ao contrário do que muitos pensam, a feijoada não nasceu como uma comida exclusivamente das senzalas, mas como uma adaptação de receitas europeias, que ao longo do tempo foi ganhando novos ingredientes e significados na cultura brasileira.