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USAID: O homem mais rico do mundo e a sobrevivência dos mais pobres do mundo

PÚBLICO 300 4 days ago
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Não são milhares, mas algumas centenas de norte-americanos têm-se juntado nas ruas de Washington para protestar contra o programa de desmantelamento de vários e serviços da administração federal. Um deles é o USAID, uma agência fundada em 1961 pelo presidente John Fitzgerald Kennedy para distribuir ajuda internacional nos países mais pobres. Em causa está um serviço que gasta cerca de 30 mil milhões de euros por ano a apoiar centenas de milhares de pessoas em todo o mundo. É a maior fatia dos gastos mundiais em ajuda humanitária, a cargo de 14 mil funcionários com bases e programas de ajuda em 60 países. Na semana passada, dois juízes trataram de travar essa destruição que põe em risco vidas humanas conduzida por Elon Musk, o homem mais rico do mundo. No processo, ele e outros responsáveis da administração Trump, garantem que a suspensão da USAID, em princípio durante 90 dias, não põe em em causa os apoios críticos. No terreno há denúncias de cereais a apodrecer em portos, medicamentos em risco de parar nas mãos de forças terroristas, de médicos ou gestores de programas a partir. Asanda Zoni, uma sul-africana de 22 anos que participava num programa de combate à SIDA e à prevenção da gravidez indesejada, é uma das vítimas retratadas pelo New York Times. Esta semana, Asanda soube que tinha de retirar o aparelho que lhe tinha sido instalado no útero porque o programa acabou. A extinção da USAID, uma organização que sempre teve o apoio de republicanos e de democratas, implica várias questões. A primeira tem a ver com a desistência de uma política de soft power, de poder suave, pelos Estados Unidos. Como disse John Fitzgerald Kennedy, cortar a ajuda externa seria desastroso e, a prazo, mais caro e mais arriscado para a segurança dos Estados Unidos. Mas se o fim da agência pode ser perigoso para a América, será certamente devastador para milhões de pessoas. Programas de tratamento de malária a menores de cinco anos em Moçambique, da cólera no Bangladesh, da tuberculose no Peru, vacinação na Nigéria, o apoio nutricional na Etiópia ou na Jordânia terão os dias contados. A vigilância de doenças com potencial pandémico como a gripe das aves ou o Ébola acabarão. E o apoio à vida animal em parques como o da Gorongosa, também. No buraco que a extinção da agência deixa, a pulsão migratória, a violência e as redes de droga tenderão a prosperar. O sentimento antiamericano no mundo vai com certeza aumentar, e no vazio a China e a Rússia tentarão consolidar o que Kennedy se esforçou por construir há mais de 60 anos. Como dizia Amy Klobuchar, senador democrata do Minnesota, a morte da USAID vai tornar o mundo mais perigoso para os americanos. Uma prenda para a China e a Rússia. Será mesmo assim? Convidámos para nos ajudar a reflectir sobre esta questão Carla Paiva, com 14 anos de experiência na gestão de organizações humanitárias e directora-executiva da Médicos sem Fronteiras. See omnystudio.com/listener (https://omnystudio.com/listener) for privacy information.

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