“Reconversa” entrevistou José Dirceu em abril deste ano. Ele aguardava, então, uma decisão do STF sobre um correto pedido de anulação das suas condenações, decisão tomada pelo ministro Gilmar Mendes em outubro. Tivemos um bate-papo de mais duas horas, que agora condensamos na retrospectiva de férias do podcast. Quem viu pode rever os principais momentos; quem não o fez vai entender por que o arquiteto da política de alianças que levou o partido à Presidência em cinco de nove eleições diretas continua a ser o melhor intérprete do passado e do futuro da legenda. Dirceu reflete com especial argúcia sobre estes dias. O ministro afirma, por exemplo: “O ciclo histórico que nós estamos vivendo é contrarrevolucionário e, pior, é de extrema direita. Está havendo um choque de civilização como houve em 68. Quem mais defende a igualdade racial, de gênero, a diversidade, a democracia e o meio ambiente? As grandes corporações mundiais. Quem paga o preço pela defesa da chamada pauta identitária? É a esquerda, que defende corretamente [essas pautas]. Então esse choque encontra uma parcela grande das populações de cada país ou desempregada ou sem esperança no estado e no futuro”. Como sair de um paradoxo em que há elites, no topo da pirâmide, com uma pauta progressista, e massas empobrecidas que são, muitas vezes, conservadoras e até reacionárias? Saiba quais são as respostas de José Dirceu.